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domingo, 11 de fevereiro de 2007

Alentejo profundo

"À Descoberta da Margem Esquerda - De Mourão até Moura

Alexandre Vaz

Sugerimos-lhe a descoberta da porção de território delimitada pelo Guadiana e pela fronteira com Espanha, vulgarmente designada por Margem Esquerda, uma zona particularmente bela e rica em fauna e flora. Verá que se enamora dela.






O Alentejo é na sua maioria dominado por uma peneplanície onde as culturas de cereal são uma constante. No entanto, em algumas regiões, essa monotonia é quebrada por acidentes geográficos. A plena entrada do rio Guadiana em território Português protagoniza um desses casos e cria aquilo que vulgarmente se designa como a Margem Esquerda. Esta porção de território, delimitada pelo Guadiana e pela fronteira com Espanha, compreende parte de duas províncias distintas, o Alto e o Baixo Alentejo. Aqui, numa paisagem caracterizada por um relevo suave, coberto de montados de azinho e de matos, encontra-se uma das menores densidades populacionais do país.



O percurso aqui sugerido desenvolve-se apenas na metade Norte da Margem Esquerda do Guadiana e cruza os concelhos de Mourão, Barrancos e Moura. O viajante que escolha este destino, não terá dificuldade em encontrar motivos de interesse. Nessa medida, este itinerário foi concebido como uma abordagem possível a uma visita a esta região. Mas é importante reconhecer que neste caso, em que estamos a falar de uma zona particularmente bela e rica em termos de fauna e flora, por cada vez que se opta por um caminho, está-se a deixar para trás um outro provavelmente também ele muito interessante. Felizmente que esse problema tem uma solução fácil, que consiste em regressar ao local mais vezes. O clima da região é agreste, sendo o Inverno bastante frio, com as temperaturas mínimas a descer com alguma frequência abaixo dos zero graus e o Verão extremamente quente, com temperaturas acima dos quarenta graus. Esta variação profunda das estações reflecte-se de forma expressiva ao nível da paisagem e da fauna que a povoa, em particular no que respeita à aves migradoras. No Inverno, por exemplo, os Grous, os Tartaranhões-azulados e os Abibes são presenças garantidas. No Verão, estes já não estão presentes, mas em contrapartida, podem ver-se os Papa-figos, os Cucos e as Águias-calçadas. A vegetação é verdejante no Inverno, dourada no Verão e Outono e florida na Primavera.


O Itinerário proposto tem pouco mais de 100 quilómetros e sugere-se que se reserve pelo menos um dia inteiro para o efectuar. Inicia-se no limite norte da Margem Esquerda, na vila de Mourão, sede do concelho com o mesmo nome e localizado ainda no Alto Alentejo, e termina em Moura, também sede de concelho e já no Baixo Alentejo.Mourão situa-se a cerca de 200 quilómetros de Lisboa e é uma vila pequena e simpática, mas com poucas infra-estruturas turísticas. Em Mourão, justifica-se plenamente visitar o castelo, que naturalmente se situa na parte mais alta da vila. Do alto das muralhas a vista é digna de nota. Para Norte, vê-se o castelo de Monsaraz e adivinha-se o vale do Guadiana. Para Este, pode ver-se ao longe Espanha, a fronteira de São Leonardo e as extensas planícies cerealíferas. Estas são ricas em aves estepárias como a Abetarda que aqui durante o Inverno forma frequentemente bandos com mais de uma centena de indivíduos, ou os Cortiçois, os Sisões, os Alcaravões e os Grous.


Vale a pena contemplar atentamente a vista para Sudoeste, uma vez que em breve esta será completamente diferente, quando a barragem de Alqueva estiver cheia. As muralhas do castelo de Mourão são ainda um local privilegiado para observar as Gralhas-de-nuca-cinzenta que habitam o castelo e que toleram invulgarmente bem a presença de pessoas.À saída de Mourão é necessário ter cuidado para não seguir a indicação de Moura. Devemos sim, seguir pela N385 que aponta para a Granja. Após cerca de 3 quilómetros de estrada ladeada por pequenos terrenos agrícolas e olivais, atinge-se uma zona mais aberta e pode vislumbrar-se à esquerda, no alto de um monte a casa da herdade da Abegoaria, com umas proeminentes chaminés mouriscas. Este é um bom exemplo do monte alentejano enquanto estrutura agrícola complexa e de grande dimensão. "
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