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domingo, 22 de outubro de 2006

Parques Naturais


Combinadas entre si, paisagem e memória revelam-nos que certos lugares são especiais, santificados pelos seus extraordinários méritos naturais e pelo consenso social. Chamamos parques a esses lugares e confiamos que eles durarão para sempre...

Na maioria dos casos, um parque nacional é um acto marcadamente ambivalente, alimentado por objectivos colectivos: sonhador mas prudente, egoísta mas abnegado, local mas com significado global. Ao contrário de um hino ou uma bandeira nacional, um parque nacional existe nas dimensões concretas da geografia, da biologia e da economia. E também na dimensão do simbolismo. Tem habitantes vivos e fronteiras físicas. Tem vantagens e custos. Tem amigos e, por vezes, inimigos. Tem uma aura de permanência sagrada por ser um local que a sociedade escolheu reservar e proteger para sempre.
Mas quanto tempo dura “para sempre”?
Nas últimas duas décadas, eclodiu um movimento contra o próprio conceito dos parques nacionais ou, pelo menos, contra essa ideia na sua forma mais rígida. Em termos simplistas, o debate pode definir-se como “parques contra pessoas”. Genericamente, as vozes críticas afirmam que os objectivos da conservação não podem ser cumpridos demarcando simplesmente parcelas de terra, chamando-lhes parques e expulsando seres humanos necessitados que ali tentam sobreviver. Até aqui, isto é certamente verdade. A concepção da conservação exclusivamente em termos de demarcação territorial, num planeta com 6,5 mil milhões de humanos, é politicamente inviável e – não menos importante – desumano e injusto. As vantagens dos parques são desfrutadas sobretudo por membros distantes e ricos da sociedade e os custos são essencialmente suportados pelas pessoas simples, pobres e desfavorecidas que vivem nas regiões vizinhas. “Salvar os animais, manter as pessoas à distância”: é uma estratégia que não funciona, nem deve funcionar. As pressões e as necessidades humanas acabarão inevitavelmente por prevalecer, afundando todos os parques impopulares e não democráticos, como se estes fossem navios com amuradas baixas. Se defendermos radicalmente este argumento, o desfecho será inevitável: a protecção da paisagem e da diversidade biológica com a criação de parques nacionais é apenas mais uma forma elitista de imperialismo cultural.
Segundo o ponto de vista oposto, igualmente radical, os parques têm de ser parques: a protecção deve ser protectora e, se for preciso construir vedações de arame e recorrer a guardas armados, que assim seja.
Leia a história completa nas páginas da National Geographic Magazine.

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